OPINIÂO: A Caixa Geral de Desgostos

Por,
Augusto Deveza Ramos
Sociólogo


Tudo indica que os prejuizos, ditas "imparidades" (sic), que a Caixa Geral de Depositos (CGD) apresentou em 2005 e 2007, e nos anos seguintes, são apenas o resultado de um projecto: o da implosão da CGD. Uma implosão que falhou tecnicamente mas que obrigou aos trágicos esforços fiscais no orçamento das familias contribuintes.

O desastre de créditos desorientados da CGD não foi apenas o resultado de cabeças caninas aluadas na gestão da Caixa. Foi a tentativa planeada, pelo desleixo, de verificar a solidez da Caixa para eventualmente e mais tarde, privatizá-la. Por quem? Pela União Europeia (UE) e o Banco Central Europeu (BCE), entre outros (os potenciais compradores). E não é novidade nenhuma. A agenda da privatização da CGD estava, há anos, politicamente em acção: Passo Coelho culminou-a num livro onde proclamou essa tendência em que muitos outros se reviam.


1. A UE gosta de estados fracos.

Interessa às organizações globalistas, como a UE e o BCE, a fragilidade dos estados-membros para aparecerem como a sua salvação. É a velha dialética hegeliana: problema-reacção-solução. A UE quer ser a solução da fragilidade que criou. E como o criou? Não apenas pela sua natureza centralista, que regula os bancos centrais com regulamentos exclusivos, como também com ágil manobra estratégica em colocar actores - infiltrados - no seio dos seus alvos. Neste caso, a CGD. Além de tentar destituir o poder local na sua emancipação pela estratégia da «ausência & desleixo».

Os bancos centrais nacionais dos países-membros cometem a fatalidade de serem regulados pela aranha-mãe: o BCE. Lembro que o BCE não é composto por membros de nenhuma democracia. São filhos de uma trajectória de obediência canina ao centralismo da burocracia não-eleita da UE. Nem precisam de ter muita identidade financeira, ou competência, apenas posição simbólica no mercado de obediência à UE. E assim que o conseguem, passam a ter um estatuto de compromisso com a aranha protectora - como se verificou recentemente com o presidente do banco central da Lituânia, acusado de suborno, estar a ser protegido pelo BCE; e como mostra o processo Brexit e a posição de Salvini de Itália.

2. A UE precisa do Costa

Um desses actores, necessários ao globalismo da UE, foi obviamente Carlos Costa, hoje governador do Banco de Portugal.
Envolvido na excessiva perseguição, hipocrisia sinuosa e até injustiça a Ricardo Salgado e ao BES, Carlos Costa, mostrou não ter accionado os mesmos parâmetros inquisitivos à CGD que accionou ao BES e ao Montepio. Por uma razão simples: estava envolvido na administração da Caixa, precisamente na época mais ruinosa deste nosso banco, sendo um dos demonstrados actores dessa tragédia negra. Costa escondia na perseguição ao BES a sua incompetência como administrador na CGD.

Por acaso? Duvido. Carlos Costa sabe que é um peão, não de Portugal, mas da União Europeia e do BCE. Os portugueses, sem espanto, também sabem. E Costa exerceu o seu papel. Os portugueses tambem exercerão. Como exerceram quando os lesados do BES foram a casa de Costa para o enforcar socialmente.
Costa arrisca-se, para quem tem acompanhado a saga da queda da banca portuguesa, numa das figuras mais infames da programada decadência do capitalismo português, e da história do Portugal recente.

O capitalismo português sabe hoje que é frágil. Sabe ainda que o banco de Portugal e o seu governador garantem à UE e ao BCE essa fragilidade.

Costa julga que tem as 'costas quentes' com os seus amigos do BCE. E tem noção que a sua arrogante perseguição ao BES teve mais aplausos nos netos de Estaline da UE, do que em Portugal. Mas como a história diz, os inimigos enforcam primeiro os traidores da cidade que ajudaram a invadir.

Costa exibiu ainda um atroz desempenho no processo que culminou com a Resolução ao BES. Desde mentiras a abusos de confiança, a exigências planeadas para enforcar financeiramente Ricardo Salgado, Costa agiu com o autoritarismo de uma inusitada inquisição financeira ao Dr. Ricardo Salgado. E não teve pejo em exercer a Resolução (um instrumento que nunca tinha sida aplicada na UE, e a que o próprio BCE tinha reticências) ao Banco Espirito Santo - que hoje estaria de novo em mar alto, como têm referenciado analistas creditados.

Costa criou ainda, pela confiscação do BES, um desastre financeiro chamado Novo Banco, que só tem dado prejuizo, consumições, e apelo constante ao bolso aos contribuintes portugueses.

Carlos Costa tem tido um intencional efeito destruidor no capitalismo português, que permitiria a emancipação nacional da oligarquia alcoólica da UE. E essa é a chave: a UE de Carlos Costa detesta nacionalismos e, por isso, pretende destruir o capitalismo português que nos é estrutural, enquanto nação.

O ainda governador do BdP, só não foi despedido porque o governo português ainda teme a oligarquia alcoólica de Bruxelas e o seu regulamento autista.

Com esta carreira na Inquisição financeira, Costa, percebe-se agora, estava a tentar esconder a sua perniciosa passagem pela CGD no seu periodo como administrador, onde como 'observador' faria o trabalho de infiltrado ao serviço da inerte oligarquia da UE, atribuindo, por cima, empréstimos ruinosos para os bolsos dos contribuintes e famílias portuguesas.

3. A caixa de exibições.

A Caixa era um centro de emprego. Mas era também tráfego de influências, centro empresarial e delírio financeiro. Isto só é possível quando se via a CGD como um laboratório onde seria possível realizar os sonhos de Ícaro. Os presidentes e administradores são nomeados por chapa politica, níveis de obediência à UE, tecnocracia confirmada e responsabilidade nenhuma.

Os resultados estão à vista: entre 2005 e 2007, a CGD apresentou um prejuízo de 5 mil milhões de euros. Este prejuízo não foi um delírio de gestão: era um plano subliminar para destruir um dos diques nacionais: a CGD; assim que a planeada crise de 2008 batesse à porta.

A UE e o BCE sabiam ia acontecer uma crise (planeada), como tem referido o economista Peter Schiff, e não avisaram as nações para verificarem as suas resistências (hoje têm um mapa da resistência financeira das nações).
Qualquer economista ou sociólogo sabe disto: na economia "as crises são o plano, não acontecimentos paralelos". Mas os engenheiros tecnocratas que ganhavam milhares na CGD quiseram, através dos media, fazer-nos esquecer essa realidade lógica.

Não há desculpa contextual para este facto. É um desleixo demasiado grande para os pobres portugueses. A 'euforia económica' da época, niveis de controle mais flutuantes e a instrumentalização politica da CGD, não podem ser desculpas para a incompetência de presidentes e administradores, denunciadamente alheios ao quotidiano e às reais condições de vida dos portugueses - muitos deles pouco acima do bairro Jamaica.

Devem ser responsabilizados históricamente, para que não se abram feridas futuras na sociedade portuguesa. Porque o facto da Caixa negra ter começado a recuperar lucros, (desculpem, "paridades") nao invalida os milhares de depositantes que fugiram e não confiam mais nos esquema da Caixa negra. A CGD era um plano destinado a despenhar-se. Só um povo atento, sofredor, com heróicos jornalistas, mostrou a caixa negra e o seu embuste. Tarde, mas funcionou.

Os supracitados esquemas financeiros desastrosos, com Joe Berardo, Matos Gil, La Seda (que teve como administrador Fernando Freire de Sousa, hoje presidente da CCRN Norte e casado com a actual vice-governadora do Banco de Portugal, Elisa Ferreira), Vale do Lobo e Manuel Fino, iluminam uma parada de prejuízos - desculpem, "imparidades" -, para os bolsos das estafadas famílias portuguesas.
Em toda esta saga, Armando Vara foi o primeiro de uma série de investigações e condenações, ou apenas um cordeiro que representa o sacrifício da 'elite' política portuguesa? Caberá ao ministério público responder.


3. Costa, chefe do bando em Portugal

Tudo isto parece não ter despertado a compaixão do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, que esteve envolvido nas reuniões da CGD onde se decidiu a miséria futura a milhares de familias portuguesas. A côrte financeira portuguesa está alheia a quem lhe paga os salários. E há razões formais e politicas para isso: é mais facil para a UE controlar uma população pobre do que uma população emancipada. E Portugal, segundo Carlos Costa e seus patrocinadores da UE, quer-se pobre. É o que está a acontecer.
Desmoronando-se o capitalismo português, o país fica entregue à dívida internacional, à ajuda dos globalistas do FMI, UE e ONU e aos cenários socialistas de Cuba e Venezuela.  Foi esse o projecto financeiro do 25 de Abril. E mantem-se o projecto globalista de ataque aos nacionalismos. Nesse zelo globalista, pago pelos contribuintes, brilhariam párias como Carlos Costa e outros avulsos autocolantes do socialismo internacional. Como 'brilhou' Mario Soares, na altura.

Costa foi implacável, mesquinho e intolerante com o banco que invejava, pela sua classe e destaque, o BES.
Foi incompetente, nulo e até oportunista durante o seu pousio na CGD. Isto acontece porque Carlos Costa sabe que está protegido pelo BCE. Senão nada disto teria acontecido.

E isto é um facto. Na UE e no BCE, Costa conservará os seus amiguinhos federalistas do tempo de chefe de gabinete do irrelevante comissário Deus Pinheiro. Mas é pior: a própria regulação do BCE concede-lhe um estatuto de "inamovível" (sic); isto, porque segundo a Lei Orgânica do Banco de Portugal, (que obedece ao estatutos do sistema europeu de bancos centrais e do BCE) os membros do conselho de administração do BdP "são escolhidos de entre pessoas com comprovada idoneidade, capacidade e experiência de gestão, (...) e "são inamovíveis".
Ninguem o pode  remover ?! Estaline não teria melhor ideia ! Portugal não tem poder para remover um traidor, segundo o BCE.
Percebem a infiltração?

Carlos Costa está hoje a tentar escapar a responder por abusos na CGD, escudando-se, legalmente, no cargo da governador do BdP. Mas a maioria dos partidos com voz parlamentar perceberam isso e têm ponderado claramente a hipótese de exoneração do Governador do Banco de portugal: BE, PCP e CDS estão de acordo nesse sentido. O objectivo é acabar com o chefe do bando que arruina bancos. Que o seja feito dramaticamente, - sugiro - para acordar Portugal.

Conclusão:

Trump nos EUA, como Salvini em Itália, estão a combater os seus bancos centrais. Salvini chamou-lhes "zero" na criação da riqueza italiana e Trump está a enfrentar a privada Reserva Federal, que ninguém ousa controlar há décadas - o último presidente que o tentou fazer foi assassinado numa rua de Dallas, chamava-se John F. Keneddy e tinha assinado 6 meses antes, o famoso decreto-lei ('executive order') nº 11.110 , que previa a extinção da Reserva Federal (banco privado, o governo dos EUA não o controla), que Trump está a combater.

Há um bando que controla os bancos. E têm um propósito: o controle da população pela pobreza. Esse bando foi a origem das grandes guerras mundiais do séc XX. Pagam infamemente aos media e a clubes de futebol para mentirem e distrairem o povo.

Esperem até 2020, quando o BCE planeia subir as taxas de juro, não porque precisem, mas para, com essa medida, criar conflitos e até guerra civil na Europa pela desestabilização financeira. Esse é o poder dos bancos demasiado centrais.
Mas o povo mantem a sua solução: participação politica nas comunidades locais e nacionais, votar, 'coletes amarelos', o que quer que funcione.
E falar muito, de tudo isto. A toda a gente.
Antes que seja demasiado tarde..

deveza.ramos@gmail.com

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