OPINIÂO: O Socialismo predador.



Por,
Augusto Deveza Ramos
Sociólogo

Em Portugal, o socialismo é fatal para a economia. Sempre que há um governo socialista, três coisas acontecem: aumenta a divida externa, diminui a produção, enfraquece-se a classe media. E isto não é uma fatalidade, é uma intenção, um plano.


1. Socialismo não é ideologia.

A compreensão disto está na própria 'ideologia' socialista.
O socialismo tem origem no jacobinismo ressentido da revolução francesa, onde se doutrina, basicamente, que para que  ambiciosos sejam ricos, ou pelo menos proprietários, têm direito à propriedade alheia. A isto chamam redistribuição da riqueza. Ou igualdade. Seria bonito, se tal "redistribuição" caísse nos pobres reais, mas cai apenas nas elites do ressentimento socialista - no caso da revolução francesa, nas mãos da burguesia em ascenção.

As elites socialistas instrumentalizaram sempre os pobres, usando-os como espelhos das suas reais ambições: adquirir modicamente os recursos da classe média, fazendo dos pobres vítimas. Hoje fazem o mesmo através de impostos - como mostrou o hediondo Macron.
Durante a revolução francesa, os jacobinos perceberam isso: a luta pela liberdade não era suficiente para sonegarem a propriedade alheia. Precisavam de um outra justificação moral: a igualdade - não apenas a igualdade de direitos mas a igualdade de propriedade, mérito e talento (sic) -  e assim conseguiam apoderar-se das propriedades da aristocracia transferida para a burguesia mercantil em ascensão. As migalhas foram o povo. Mas foi o povo que lutou, não a burguesia.
Na ex-União Soviética, foi a mesma coisa. A propriedade retirada aos tenentes, sejam aristocracia ou povo, foram transportadas para a elite comunista que a geriu até ao fim de 70 anos de ilusão - foi assim que se criaram os bilionarios russos que compram clubes de futebol no ocidente.

O socialismo é um esquema financeiro, não é uma ideologia. Usam a ideologia (marxista) para, primeiro, dividirem operacionalmente a sociedade pelo ressentimento e em nome dessa fantasia, pilharem a propriedade, identidade e mérito alheio.
Os socialistas financeiros (os bancos que os financiam) inventaram as revoluções e as 'mudanças de regime'. Como diz Webster Tarpley, historiador, "não existem revoluções, apenas movimentos sociais, variavelmente abruptos, em agenda de transferência de propriedade". E assim é. Em todas as revoluções o que acontece é uma transferencia de propriedade. Foi assim na revolução francesa, foi assim em todas as revoluções 'vermelhas', foi assim em Portugal. O problema é que essa propriedade retirada aos 'ricos' nunca chega ao povo (então infantilizado), como proclama o panfleto da esquerda socialista ou comunista. A 'redistribuição' da propriedade vai para uma elite, que a vai 'gerir' -  sejam os bancos que financiam as 'revoluções', sejam os impostores que ocupam os governos.

Nos casos crónicos gera tirania (URSS, Coreia do Norte, Cuba), nas casos cómicos gera estadão (Brasil de Lula, Portugal).
Os socialistas portugueses não têm vontade nenhuma de prosperidade nacional. Têm apenas propostas sectoriais, que todas juntas fazem ou aumentar os impostos ou pedir mais financiamento à banca internacional. Isto é, mais estadão. Em si mesmo, julgam os socialistas, o endividamento não é mau, porque afinal quem paga as dividas - posteriores - são os governos e as gerações advindas. Passos Coelho, passe a sua fama, propôs na Assembleia da República, uma lei decente: criar um limite constitucional para o endividamento externo - não foi aceite. Eu sugiro mais: a responsabilização pela propriedade individual, como caução, dos nossos funcionarios públicos que contraem divida externa - isso iria fazer os nossos 'representantes' pensar duas vezes, antes de nos ameaçarem com obras eleitorais em vez de programas politicos autosustentáveis.

2.  O socialismo é predação.

A fatalidade da composição social portuguesa abre a porta facilmente ao socialismo. Uma sociedade ainda das mais analfabetas da Europa, com niveis de literacia que rondam a escuridão. Uma classe média programada para se manter precária e tímida. Aspirações sociais, na generalidade, reduzidas ao objectivo de chegar ao fim da noite. Tudo isto fruto da trajectória da esquerda infantil que tem consumido o país. Concorre com isto, a industrialização paternalista, alguma produção agrícola e pescas debilitadas pela 'União' Europeia. Sob este cenário, a hipótese vislumbrada não passa do folclore da cultura, reformas e subsídios, boas intenções. Eleitoralmente traduzido em obras da cegueira, berraria do costume e medidas de cesto.

Está-se melhor? Está-se. As classes baixas conseguiram, por sua própria criatividade, aproveitar salários baixos e a segurança social para investir na sua sobrevivência - significa isto, ter um par de galinhas poedeiras e uma estufa onde podem prevenir mais uma invernal entrada do FMI, mas não mais. Os pobres em Portugal continuarão a ser pobres - embora nunca sejam como a pobreza da Venezuela, (que alivio!). A pobreza em Portugal é vigiada para não se emancipar - se não é o estado que o faz (pelos impostos, salários baixos, desemprego) fazem-no os pobres vizinhos que se vigiam uns aos outros. A igualdade em Portugal é uma formatação social, um direito à igualdade de pobreza. Ser pobre em Portugal não é uma fatalidade, é uma obrigação. Pelo menos até ás eleições.

Porquê?
Pela simples lógica hegeliana ("problem, reaction, solution"): os partidos do centrão, principalmente a esquerda, precisam de manter uma sociedade pobre e carente, para surgirem como a salvação em tempo de eleições. Gerando assim um círculo perpétuo de obediência e clientelismo eleitoral. A sociedade percebeu isso. Mas não o suficiente. A maioria dos portugueses ainda obedece ao esquema. Daí a muito baixa, ou nula, participação pública - por exemplo em reuniões das suas próprias autarquias.

A esquerda e o socialismo são idiotas uteis para os bancos estrangeiros. Novidade nenhuma. Mário Soares foi o pioneiro, da anomalia: soube manter relações na banca estrangeira que criaram a primeira explosão de divida internacional portuguesa do seculo XX e lhe permitiu legar (nem tudo é mau, para ele) uma herança de 15 milhões de euros. Outros se seguiram. E seguirão. Guterres (com nome copiado de um aeroporto) é um desses carnívoros, talvez o pior.

3.  Socialismo é controle social.

Alguma da classe politica portuguesa, percebeu que cargos politicos e carreiras politicas significam, variando o grau de sacanagem, fama, fortuna e propriedade. Não apenas por serem na sua maioria de origem burocrático-predadora, mas porque o esquema de globalização internacional incita a agendas e compromissos escuros de futuro escuro.

A grande maioria dos nossos politicos, são burocratas que nunca criaram nada. Não criaram uma empresa, uma arte, ou onde sustentarem as suas vidas. Por isso não se pejam em desleixar o país ás mãos da União Europeia (onde contam ter um "emprego") ou na banca internacional (onde criaram 'laços') ou nas organizações não-governamentais globalistas (onde almejam um "carreira"), inutilmente bem-intencionadas e esponjas de captação dos impostos das classes médias ocidentais, que intentam arruinar.

O objectivo dos socialistas em carreira é não fazer nada. Literalmente. O seu trabalho é evitar que haja classe media e  emancipação. Não é criar, produzir ou construir. É controlar, 'gerir' a vida alheia. Literalmente. Nas universidades, na vizinhança, nos empregos, nas empresas, no estado, nos municípios, a esquerda tem apenas um objectivo: controle de recursos e gestão dos "recursos-humanos" (sic).

Na Ex-União Soviética, o politburo comunista criava uns programas de "Luta contra a Pobreza" (adoptados pela UE - porque muitos funcionários da UE são herdeiros dos tiques da burocaracia estalinista) que disseminava pelas provincias, não para ajudar os pobres, mas para em nome da ajuda ('luta') à pobreza, criarem um registo sistemático dos recursos locais, controlar as eventuais dissidências e garantirem a presença do estado - sem espanto, esses programas, tal como a assistência social, vigoram também em Portugal, com o mesmo objectivo centralista de controle do poder local e da cidadania individual.

Portugal criou pós-74 um modelo de republica copiado do modelo centralista francês. Principalmente o seu endividamento. Não funcionou em França, não está a funcionar em Portugal. Mas está a funcionar para os socialistas e para a resignada escuridão analfabeta vitima de modelo eleitoral predador orientado para o litoral metropolitano; onde há mais eleitores, não para o territorio nacional - só uma reforma eleitoral que adoptasse o modelo de Colégio Eleitoral americano, onde os resultados das eleições são feitos pelo contabilização de resultados dos estados, não pela quantidade de votos total (o que dá voz aos estados não urbanos e com pouca população), poderia criar uma verdadeira revolução em portugal: responsabilização e sobriedade.

A esquerda não aprendeu nada nos últimos anos. De propósito. Pior, teimou em não ensinar nada. Os tiques mantêm-se e o mundo mudou. Hoje, não existe hoje tal coisa chamada direita ou esquerda. Há apenas uma batalha identitária, onde se degladiam as soberanias nacionais, contra os planos financeiros, de "médio prazo", dos globalistas (burocratas não-eleitos). Em essência, o povo contra o bancos internacionais (e vice-versa).

Conclusão.

O socialismo em Portugal não trouxe fama a ambos. Soube apenas, por ocultismo, esconder a realidade aos portugueses. Se se vive dia-a-dia melhor do que no governo de direita de Passos, não é por génio socialista, nem por milagrosa e inusitada capacidade dos portugueses, é por haver mais endividamento dos portugueses. Dinheiro que não é nosso, nem da nossa produção.

O cinzento que ronda a vida dos portugueses, não se explica apenas pela agonia do tempo invernal.
É o resultado de um compromisso financeiro agendado, como prenúncio, uma divida que tem de ser paga.
Isto tudo, se os portugueses não fizerem nada, como ensinarem às crianças, em idade precoce, o que significa "dívida pública".

aumadera@gmail.com


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