OPINIÂO: Catástrofe demografica na Europa


Por,
Augusto Deveza Ramos
Sociólogo



A Europa está a estagnar a sua população. Hoje há mais alerta para proxima vaga tecnológica 5G do que para a tempestade demográfica que se está a formar para a Europa. Talvez o cenário seja tão negro que ninguém queira ousar ser o arauto da tragédia. Mas não é uma tragédia, é pior: uma catástrofe.

1. O Cenário.

Uma cultura, um país, uma comunidade, só se renova sob a fecundidade de 2.1 filhos por mulher.. Esta é a condição técnica fundamental, para a renovação demografica. Abaixo deste valor, tal cultura ou comunidade terá muita dificuldade em se renovar.

A Europa está com uma taxa de fertilidade de 1,32 filhos por mulher, muito abaixo dos 2.1. Isto indica que a cultura da Europa terá muita dificuldade em se renovar. Senão mesmo impossível a sua renovação.
Os nossos políticos e burocratas sabiam, porque são pagos, para saberem isto. E hoje, estão a tentar resolver o problema demográfico (que criaram) ao importar migrantes, sob o lema do humanitarismo. O problema é que podem-se renovar numeros estatisticos, não culturas. Por exemplo, em Inglaterra em 2017, mais de metade dos nascimentos são filhos de pais não ingleses. A mesma tendência ocorre na Alemanha e na França.
A preocupação ocorre quando a cultura europeia, confrontada com uma aceleração rápida de emigração, estagnação da fertilidade endógena, terá dificuldade em se renovar. Porque a identidade cultural só pode ser renovada endogenamente, doutra forma terá muita dificuldade de se perpetuar.
É que identidade cultural europeia significa liberdade de expressão, igualdade de direitos individuais, anti-discriminação. Tudo o que as culturas de migrantes estão a forçar, por adaptação, ser destruido na Europa - e que os burocratas aplaudem, porque essa era a sua intenção.

A União Europeia, proclamou, pelo Tratado de Lisboa de 2000, que iria manter uma estratégia de posicionamento estratégico internacional da Europa em duas premissas: tecnologia da informação e sociedade do conhecimento (pela federalização e perda de soberania das, agora, 31 nações). E nunca valorizou, de propósito, o sector social e humano. Ou seja, não investiu no potencial dos humanos europeus. Investiram em joguinhos financeiros e tecnologia, mas não nas familias nem nas comunidades existentes. A consequência disso foi o fracasso do tal Tratado de Lisboa.
A Europa nunca esteve tão vigorosamente tecnológica nos ultimos 30 anos, no entanto entrou em declinio. Porquê? Inverteu as prioridades. Não valorizou a população, familia, gerações, comunidades locais, como prioridade fundamental. Valorizou o artificial, a tecnologia acessória que nos deveria servir e não vice-versa.

Este investimento cego na tecnocracia e no federalismo, não só levou à estagnação da demografia europeia, como à estagnação do PIB da zona euro, como confirmou Mario Drahggi, recentemente (se esta estratégia visava uma competição com os EUA, acabou por a perder em toda a escala: dado o ressurgimento da economia americana pelo bem-sucedido nacionalismo de Donald Trump).

Sob este cenário deceptivo da tecnocracia europeia, não admira que os jovens, homens e mulheres, familias que querem ter filhos, se sintam frustrados diante dos apoios e perspectivas, daqueles para quem pagam IMI e outros impostos estéreis.

Na Europa da "liberdade" de hoje,  os europeus reclamam o direito sua própria  liberdade de expressão, que lhes foi transmitido pelos seus pais e gerações anteriores.

2. O Futuro

Todo este cenário não seria tão catastrófico, pode-se pensar, se se tratasse apenas da renovação cultural, da língua, expressão, costumes e tradições. É pior. Trata-se da sobrevivência do próprio sistema. É que com esta perda de população, o sistema económico fica em dúvida. Porque, daqui a 20-30 anos haverá muito menos mão-de-obra disponivel para produzir. E menos produção significa menos impostos. Menos impostos significa menos pensões, que serão tambem mais baixas e menos beneficios da segurança social do estado. Uma armadilha circular.
Uma economia funciona, principalmente, pela quantidade da sua população activa. Pelo investimento no factor humano. A Europa tem secundarizado o humano em benefício da ilusória sacro-santa tecnologia. Se a Europa já produz menos do que os EUA, porque exerce menos horas de trabalho, per capita, e menos população activa, per capita, do que os EUA, o futuro é ainda mais negro. Embora os EUA também estejam a perder população, o problema europeu é de longe mais preocupante. Pelo menos os EUA têm uma economia em algum avanço, a Europa vive numa ilusão, hoje reconhecida como estganação sem solução, nos escritórios cegos do centralismo de Bruxelas. Porque está a perder população e a migração não tem qualificações nem vontade de as ter utilmente.

3. A solução burocrática da UE.

Os burocratas tentaram resolver a situação com burocracia. Isto é, sabiam do declinio da demografia europeia e quiseram gerar, cosmeticamente, melhor quadro estatístico. Solução: decidiram pela importação de migrantes - para fazerem número e eventualmente reproduzirem-se. Falhou. Primeiro, tais migrantes entraram em choque com uma cultura, de longe, mais avançada do que a de origem (por isso os burocratas da UE estão a tentar rebaixar a cultura europeia e a exigência curricular académica). Em Inglaterra, os migrantes eram, até há pouco, tão impunes que a policia tinha ordens para deter denunciadores de crimes perpetrados por muçulmanos e perseguia os "islamofóbicos" (sic). Segundo, a vaga de migrantes gerou mais instabilidade e terrorismo, o que diminui a confiança dos casais e famílias. Terceiro, obrigaram a transferir mais carga fiscal para adornar os migrantes, retirando apoio á renovação geracional local soberana. Quarto, quase destruiam a Europa se não fosse a teimosia nacionalista e populista de homens e mulheres deste velho continente, que alertaram para estas questões. Quinto, tais burocaratas enfrentam o enforcamento político, nas urnas e na sociedade - como se vê pelos movimentos nacionalistas e dos coletes amarelos.

4. O cinismo colonialista europeu.

Quando me propuz a fazer esta investigação, acerca do futuro demografico da Europa, encontrei uma das maiores e inesperadas aberrações sociais que vi nos ultimos anos. E algo que, de todo, me teria passado ao lado, se não quisesse ir ao fundo do fundo desta temática.

Vou explicar: os países europeus são, no mundo, os que mais contribuem nos campeonatos da generosidade para com os paises do Terceiro Mundo. São, também, aqueles que mais acolhem migrantes desses paises. Parece retórica simples, mas o cenário é sinistro: estes países europeus estão a dar dinheiro a países do Terceiro Mundo, para terem mais esperança de vida e menos mortalidade infantil, o que lhes faz aumentar a natalidade, exponencialmente. Mas, não estão a fomentar/financiar a sustentabilidade futura destas novas gerações. Porque embora a natalidade tenha aumentado nos paises do Terceiro Mundo, a pobreza não diminuiu, com significado, para reter nesses países, estas novas vidas. Ou seja, a Europa (e o Ocidente) está a, objectivamente, financiar úteros no terceiro mundo, mas não está a financiar novos meios de produção, melhorias de condição de vida, que inspirem que estas novas gerações teimem em não querer sair do seu pais de origem.

Isto significa que estas novas gerações - instrumentalizadas, ou escravas -, vão, em breve, entrar em conflito pelos limitados recursos locais, e obrigados a emigrar para melhores países, os que lhes financiaram o nascimento: o ocidente, a Europa. E isto, não é dano colateral. É a verdadeira génese do plano da migração global da ONU de Guterres: financiar escravos saudáveis no terceiro mundo, importá-los para o Ocidente, e chamar-lhes migrantes.

A maior parte dos migrantes vindos para Europa nos últimos anos não provinham de zonas de guerra, para aclamarem a convenção de Genebra; vinham de países populacionalmente sobrelotados como a Somália ou a Nigeria, que o ocidente apoiou.

Mas o esquema é mais denso. Quem paga esta 'generosidade' é quem trabalha, quem produz. Os trabalhadores e a classe média europeia que, em breve, vão ver os seus rendimentos orientados para emigrantes que enviarão cheques para as suas famílias na Nigéria pagos pelos contribuintes europeus.

Trump propôs-se a ajudar os migrantes nos seus países de origem. Os paises em referencia aplaudiram, mas a ONU, as ONG's e a comunidade mediática não. Porquê? Porque Trump acabaria com um fluxo de biliões que gira á volta do negocio de escravos, desculpem, refugiados.

Estas politicas estão generalizadas pela Europa, sob a propaganda de lema humanitário, mas o objectivo é instrumentalizar os migrantes para empregos pouco qualificados e colocados em zonas onde os nem os nacionais não querem permanecer - daí as revoltas recíprocas, dos migrantes frustrados e dos locais invadidos. Isto acontece na Irlanda, na Bélgica, nas no-go zones, da Suécia. Se isto não é engenharia social para gerar eleitores e nova escravatura, é pelo menos incompetência da mais dura.

5. Portugal no mapa.

Em Março de 2017, a agência LUSA noticiava que "Portugal é o país da União Europeia com a taxa de fertilidade mais baixa e aquele onde mais diminuiu o número de nascimentos nos últimos 15 anos, segundo os dados do Eurostat".
Portugal tem, á semelhança dos paises europeus, uma das mais desesperadas taxas de futuro, ie, de natalidade: 1,3 filhos por mulher. Os tecnocaratas atribuem esta preocupante taxa a factores atomistas, como a maior informação da mulher que lhes permite controlar o corpo, a substituição da carreira pela familia, o casamento tardio, uma sociedade mais próspera que permite mais desafogo e lazer e menos preocupações ou planos. Técnicas de contracepção mais 'avançadas' e a legalização do aborto. Explicações válidas mas pouco uteis.

O que mudou, para negativo, foi a percepção de COMUNIDADE dos portugueses. O que aconteceu entre as gerações dos nossos avós rurais (na maioria) que tinham 5 ou 6 filhos e havia apenas uma sardinha para todos ao jantar, e a de hoje, em que há apenas um filho para jantar 5 ou 6 sardinhas, foi, não apenas uma mudança de atitudes, mas tambem o desleixo intencional das nossas elites politicas.

Se os nossos avós tinham muitos irmãos era porque eram mão-de-obra potencial, naquela altura - hoje, seriam potenciais inúteis à procura de um emprego 'satisfatório'. Mas não só. As famílias perderam a confiança no futuro. Se há algumas gerações "ter filhos", significava mão-de-obra, também significava mais festa, mais interajuda, mais comunidade. Com a litoralização portuguesa recente, desenvolvimento socio-industrial e a maternidade do estado, as familias tendem a desligar os seus vínculos familiares naturais e afectivos e entregaram-se, como escravos, ao estado risonho e assistencialista. Há poucas gerações, as familias portuguesas contavam, em casos de sobrevivencia, com o emprestimo financeiro familiar, que fortalecia laços; hoje, contam com o banco, empresa ou com o estado, com quem quase chegam a núpcias.

6. Conclusão e soluções

Se as despesas com a familia bloqueiam a natalidade europeia é muito porque na Europa se perdeu o espirito de comunidade e interajuda. Se muitos de nós fomos criados com os nossos avós, esse amparo hoje quase está desaparecido na tecnocracia europeia. Como provam os dados estatisticos. Há teimosia nos portugueses e nos europeus. Há alguma vontade de mudar e nota-se um tentativa de reinvestir nas comunidades. Uma vontade genuina, local, mas não é o suficiente. Os portugueses e europeus ainda se deparam com cargas fiscais que não lhes permite, na generalidade, estabelecerem-se localmente e familiarmente.
Para inverter o cenário desta baixa fertilidade europeia, serão precisos quase 50 anos. Não é com migrantes hostis ou ignorantes da cultura ocidental que se vai fortalecer a cultura europeia. Pelo contrário. Estes novos escravos, serão apenas números estatísticos que servirão para burocratas mostrarem obra, que não têm.
Nem será a fathua islâmica que vai criar uma solução à Europa. O islão só visa a dominação não a colaboração - hoje, como previu Khadaffi, o islão está a conquistar a Europa, sem espadas nem tiros, mas pela emigração.

As soluções que teremos de enfrentar são estas: primeiro, admitir que temos uma bomba-relogio demográfica; segundo, restaurar o espírito comunitário, valorizar o humano, familia, tradições, cultura, em detrimento da tecnocracia e da vaidade; terceiro, aumentar a participação publica, em associações, assembleias municipais e de freguesia; quarto, não esperar nem pela UE nem por qualquer governo central para nos ajudar localmente; quinto, importar migrantes sim, mas por quotas, segundo as nossas necessidades de trabalho.

Mas o mais importante é namorar, casar, ter filhos. E muitos.
Para no futuro não se sentirem sós.

deveza.ramos@gmail.com

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