OPINIÃO: A China em Cerco ao Ocidente


Por,
Augusto Deveza Ramos
Sociólogo




A China tem um plano de dominação do planeta. Chama-se "One Belt, One Road" (Cerco ao Ocidente). Basicamente, tudo terá começado depois do fim da guerra fria entre os EUA e a ex-União Soviética. Foi então que a China se propôs a manter a teimosia comunista no planeta e enfrentar, pela polarização, a nação mais próspera, democrática e poderosa do mundo, os EUA.
Desde então, a China tem desenvolvido um plano gradual de mundialização. O objectivo é garantir a propaganda aos chineses do funcionamento do regime totalitário e aos internacionais, as orgulhosas glórias de um comunismo de porcelana e papel de seda. Mas a China não está só nesta oligarquia. As elites chinesas souberam desde há décadas, infiltrar governos, organizações e os media ocidentais, para uma suavização na opinião publica das atrocidades comunistas aos direitos humanos. A China soube ainda influenciar organizações internacionais, privadas e publicas para secundarizar e ocultar estas atrocidades. A ONU foi e é, uma das mais corruptas nesta propaganda.

A globalização planetária não é feita apenas de dominação. É também feita de informação. E ninguém mais se esquece de quando a ilusão comunista chinesa se desmoronou em Tianamen, quando um regime autoritário se viu subitamente derretido, diante de câmaras da televisão, que divulgaram um solitário cidadão chinês a enfrentar os arrogantes tanques do exército vermelho, que se preparavam para neutralizar uma manifestação. Naqueles momentos, tudo ficou perdido, para o regime chinês de então. Mas o comunismo chinês, não viu isso como uma derrota; isto obrigou, apenas, a que o regime do dragão chinês se concentrasse numa futura operação de cosmética internacional, silenciosamente massiva. Uma guerrilha internacional perigosamente dupla: não apenas recuperar a sua imagem de dignidade na opinião publica internacional mas também, em simultâneo, infiltrar o ocidente.
A China tem-se esforçado por manter a sua imagem de parceiro digno das relações económicas internacionais. Mas não tem conseguido. Se a corrupta ONU tentou secundarizar as excessivas prevaricações do regime chinês aos direitos humanos, a comunidade internacional não deixa de continuara a apontar o dedo ao regime totalitário, elitista e aristocomunista.

1. A China por dentro

A China não tem tradição de democracia. Não há na história chinesa provas de regimes democráticos fundamentados em vontades populares como os da tradição ocidental. Talvez seja por isso, que foi tão fácil que a revolução chinesa tenha sido uma das mais sangrentas da história da humanidade, que gerou a morte de 62 milhões de chineses - curiosamente, não há filmes, documentários suficiente populares, que lembrem o genocídio chinês, como se lembra tão justa, mas avulsamente, o Holocausto nazi do III Reich alemão; isto acontece porque a China infiltrou Hollywood e mantém posição suficiente para influenciar a produção do audio-visual mundial.
As elites do partido comunista chinês são hoje, de famílias genealogicamente ligadas a Mao Tse Tung, isto é, ligados historicamente à revolução (genocídio) popular chinesa dos anos 60. Tais cúpulas, não são compostas necessariamente por gente competente ou meras acólitas purezas ideológicas, mas por ligações genealógicas. Isto é, a elite chinesa é uma aristocracia, como nos regimes monárquicos. Composta por ramificações de influência ao deus Mao. Quer se tratem de administradores de empresas ou apenas burocratas do estado, a elite chinesa tem de ter algo de Mao em si. E nem precisa de ser fielmente comunista.

2. A China por fora

A ambição do regime da China não é apenas garantir aos chineses que o comunismo funciona. Tem sido, desde a trágica revolução chinesa, uma proposta de divulgação do comunismo, seus 'benefícios' ao mundo, e não deixar esquecer o marxismo. E essa proposta passa pela dominação (ou superação) do Ocidente: principalmente a Europa e os EUA capitalistas.
Se a China se mantém produtivamente activa em vários países africanos e na Ásia, não conseguiu ainda, aí, disseminar as vantagens ideológicas do comunismo. Porque o que os consumidores destes continentes pretendem são os produtos chineses, de baixo custo, (apesar da reconhecida qualidade duvidosa), e não a sua ideologia marxista-castradora. Não são só os ocidentais que estão preparados para os perigos do centralismo comunista, é a humanidade que teima em não abdicar da sua frágil liberdade.

Desde Mao que a China se reune todos os anos para rever a estratégia de dominação da China no planeta. Este foi sempre um dos objectivos da revolução chinesa. E nunca parou. Com mais ou menos sazonal fôlego este plano tem metas a atingir:

a) pela disseminação, trata de inserir chineses em todos os países;
b) criar laços de dependência destes países á China, pelas finanças e pelo mercado;
c) fazer estes países depender do maximo das decisões do governo chinês.

Os EUA sabem isso. A Europa sabe isso. Donald Trump, foi o primeiro presidente norte-americano e politico internacional, a apontar publicamente a infiltração da China como uma das ameaças ao bem-estar e ao equilíbrio dos EUA e das democracias. Tem sido esterilmente alvo dos media por isso. Mas Trump mostrou ter razão e outros países estão a seguir a sua liderança, nesta denuncia internacional da infiltração chinesa.

3. A China na Europa

Na Europa, a emigração chinesa foi, durante anos, um mistério e um tabu (por exemplo, a polícia francesa detectou, nos idos anos 90, que os chineses não apresentavam óbitos, "os chineses não morriam", mas os passaportes dos eventuais falecidos eram transmitidos para novos emigrantes). A China abusava assim da generosidade do Ocidente e da pacatez do cidadão medio europeu - que desconhece que o altamente competitivo comércio chinês, hoje disseminado por todo o planeta, não tem apenas intenções mercantis, mas obedece a um pleno politico real e profundo, de submissão ao comunismo chinês. Além disso, o estado chinês financia produtos que vão ser muito competitivos e até disruptivos para a economia ocidental. Hoje sai mais barato comprar uma bandeira de Portugal «made in China» do que uma feita em Portugal. Apesar disto, a maior parte dos países europeus está preparada para a injusta competitividade chinesa baseada no financiamento do estado. Não só porque estes países, têm os seus diques de protecção preparados, como têm uma higiénica noção da espionagem chinesa. Portugal mostrou que ainda não.

4. A Catástrofe chinesa

A China desenvolveu um plano para centralizar os destinos internacionais no governo Chinês (o mencionado "Cerco ao ocidente"), através da tecnologia e das comunicações. A China apercebeu-se a tempo, que as comunicações se iriam globalizar. E que quem centralizasse essa globalização, dominaria o planeta. Por isso o governo chinês investiu muito forte na tecnologia 5G - uma tecnologia de comunicação 100 vezes mais rápida do que a actual - através da sua troiana Huawei.
Para isso, construiu uma estratégia internacional chamada 'One Belt, One Road' (Um Cerco, Uma Rota - precisamente a rota do 'cerco ao ocidente'), onde visa retomar rotas comerciais - românticas - do passado e que tem tido o apoio de operações e organizações globalistas internacionais, hostis ao ocidente.

A Huawei (que significa 'pela China') é uma empresa de tecnologia de smartphones, que concorre directamente com as marcas de topo como a Apple ou a Samsung pelo domínio da tecnologia 5G - mas a Huawei, só consegue ser competitiva porque é subsidiada pelo estado comunista chinês, e não apenas por uma razão de sobrevivência da empresa. Mas a Huawei é, principalmente, uma empresa de espionagem nacional e internacional, a mais importante na China. E isto é legal na China: o governo chinês publicou em 2015, uma lei, chamada a «Lei da Informação Nacional», que obriga todos os particulares e organizações chinesas a ceder, e/ou facultar, os dados gerados e recolhidos ao governo central comunista. E isto inclui todas as empresas chinesas que operam no estrangeiro (inclusive Portugal). Esta lei cria na China uma gigantesca rede de espionagem nacional, interna; um 'bigbrother' real de controle politico e social. Em essência o esquema de controle perfeito, da elite não-eleita chinesa antecipar e neutralizar subversões sociais e politicas. Mas cria nos países infiltrados a vulnerabilidade ideal, para que o regime comunista chinês possa manipular ou sabotar planos das organizações internacionais, á distância.

Sabe-se que na China, os vizinhos espiam e denunciam vizinhos, porque o governo chinês paga recompensas por isso, por denúncias de subversores, mesmo que improváveis (isto criou a aberrante profissão do delator profissional). Pior, o governo chinês criou recentemente um 'deus da pontuação', onde cada cidadão está sujeito a um esquema de pontuação: por exemplo, um desvio às normas centralistas, por comentário na internet, ou pura expressão, cria imediatamente consequências negativas que vão desde a negação de apoios do estado, à secundarização nas listas de reserva de bilhete de avião ou comboio. A China está, não só a criar um monstro, como a exportá-lo.

A China criou os primeiros bébés transgénicos, em laboratório, violando todas as regras éticas da ciência. A China, limitou e perseguiu com a morte a fertilidade dos chineses. Esvaziou a liberdade aos seus cidadãos, que para sobreviverem terão, como em qualquer pais totalitário, de obedecer às regras burocráticas não eleitas. A China tem, de longe, o mais grave índice de poluição industrial do mundo - sem qualquer barulho significativo por parte da comunidade internacional. Ao contrário do Ocidente, a China não paga a taxa (fraude) de carbono. A China tem as portas abertas no Ocidente, mas o Ocidente não tem as portas facilitadas na China.
A China imitou quase toda a cultura industrial ocidental e revendeu-a ao Ocidente: desde imitações de Rolls-Royce à chantagem à Boeing que prometeu ajudar sob troca dos todos os planos de engenharia da empresa de aeronáutica norte-americana. Isto á custa de um operariado chinês sôfrego, mal pago e marginalizado que não consegue competir com milionários chineses gerados em booms financeiros voláteis. No entanto a China tem pontos de eficácia inovadores, como a perigosa robotização e aceleração de máquinas industriais.

Mas a China tem problemas internos profundos. Ao nível da infraestrutura, tem uma muito deficiente rede de distribuição de água (a sua principal debilidade). A sua economia é uma gigantesca e incontrolada bolha financeira, feita pela injecção de dinheiro - que apenas sossega o descontentamento social - mais do que real produção e benefícios sociais generalizados. A industrialização chinesa foi feita pela forçada migração de campesinato para a cidade. Tem hoje uma demografia decrescente. problemas graves nos direitos humanos, como a perseguição sem piedade aos cristãos chineses, sob silencio da ONU. E muito cepticismo social da população perante as suas elites, que poderá, provavelmente, levar ao fim do regime chinês nos próximos anos.

Com a tecnologia 5G, 100 vezes mais rápida que a actual, que a Huawei lidera internamente e quase internacionalmente, o governo chinês conta adquirir mais sopro de vida nos próximos anos, pela espionagem e controle dos seus cidadãos, e não pelo mérito ou pelos benefícios que lhes possa enviar. E isto é perfeito, para comunistas. Mas não para o Ocidente.

5. Five Eyes

O 'Five Eyes' é um consorcio de 5 países (Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia, EUA, Canadá) que tem combatido formalmente e por contra-espionagem, as megalomanias chinesas. Este consórcio não só erradicou dos seus países a tecnologia da Huawei e chinesa, como convenceu outros países a fazê-lo - no caso dos EUA, Trump ordenou a erradicação total de tecnologia chinesa no Pentágono. Porque a 5G não é apenas tecnologia de telemóveis individuais avançados. É a tecnologia que vai controlar as futuras operações de automóveis auto-guiados, aeroportos, cidades inteligentes, estações de comboios e armas militares. O Ocidente não vai querer que a tecnologia chinesa se infiltre nestas infraestruturas fundamentais, para serem espiados e provavelmente controlados, por decepção ou sabotagem, à distancia. E esta é a batalha tectónica internacional actual: o controle da tecnologia. Não se trata apenas de 'guerras comerciais' como dizem os media (provavelmente financiados pela China) entre os EUA e a China. Mas de uma batalha pelo controle e manutenção da integridade dos sistemas e das informações dos países soberanos.
Mas muito pior do que isso, trata-se de tecnologia altamente tóxica para o planeta: a tecnologia 5G vai colocar no espaço 20.000 satélites que vão emitir micro-radiações tóxicas ao planeta. Pior: as empresas de telecomunicações vão multiplicar edifícios publico, escolas, edifícios privados, pequenas torres de transmissão que vão emitir constantes radiações que quando penetrarem o corpo humano, alteram o natural fluxo físico. Ninguém vai ficar livre destas radiações.

6. O Portugal pobre e amigo.

A ambição totalitária chinesa passou por Portugal no inicio de Dezembro, quando o presidente Xi Jiping visitou, matreiramente, Portugal. Esta visita produziu aparentes laços empresariais entre a China e o governo português, que por ingenuidade ou necessidade, teimou em creditar. O governo dos EUA, enviou mais tarde, um emissário a Portugal, precisamente para advertir o governo português das reais intenções e da real natureza dos negócios com a China: espionagem de um governo estrangeiro. Custa, mas é a verdade destes tempos. Também a França e a Alemanha tinham, segundo rumores, pedido ao governo português para não consolidar nada com a China, precisamente por riscos de infiltração e espionagem da tecnologia 5G chinesa que visa dominar o planeta através da Huawei.
O governo de Portugal, carente e teimoso, assinou vários contratos "comerciais" mas que são de compromisso com o governo chinês. Lembro que não exitem na China empresas privadas. Todas as empresas são centralizadas, são (tecnicamente) do povo (mas quem controla é o governo chinês), variando apenas o grau de controle central. Ora, o que o governo de Antonio Costa fez foi assinar em nome de tratados "comerciais", uma subtil cedência de soberania ao governo chinês. Nada de novo: tem feito o mesmo com a UE e com a ONU.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Augusto Santos Silva, veio justificar a sua posição destes compromissos como sendo mais uma direcção a "outros espaços do mundo". A retórica do ministro, esconde necessariamente que esses avulsos "espaços" encerram regimes comunistas centralistas fechados, altamente hostis e voláteis, como é a China. Em nome de uma fatal amizade ancorada na negociação de Macau, o ministro não deixou compreender se estas negociatas foram feitas com estudo aconselhado, ou se foi mais uma estratégia do desespero financeiro do governo, ou sopro de inspiração da UE globalista. Ou tudo isto ao mesmo tempo.

O governo português, quando assinou a sua cumplicidade com o plano do 'Cerco ao Ocidente' diz ter em vista mais as operações financeiras do que realmente os compromissos implícitos, apesar de avisos da Alemanha e da França. Os chineses pretendem construir posições "comerciais" na Europa, adquirindo portos - no caso de Portugal o estratégico porto de Sines - para construir a rede estratégica chinesa do 'Cerco ao Ocidente'. Mas o Sr. Ministro justificou que se tratam apenas de compromissos económicos, julgando que nos faz esquecer que assinou compromissos com a espionagem do governo chinês. Assim, há negócios previstos coma China, perigosamente para a rede eléctrica, tecnologia 5G (com a Huawei), compra de divida portuguesa, e depois, ensino do mandarim entre outro folclore.

7. Conclusão

Precisamente por isto, a administração Trump enviou a Portugal, Roland de Marcellus, um alto funcionário do Departamento do Estado dos EUA para as Finanças Internacionais e Desenvolvimento, que recomendou vigilância redobrada para as empresas (chinesas) que são altamente financiadas pelo governo (chinês) e que representam mais os interesses estratégicos desses governos do que meros interesses comerciais. Mas Augusto Santos Silva não reconhece nisso, risco para a segurança nacional, por ingenuidade, ou desinteresse.

Portugal e a UE deveriam sancionar a China, como fizeram com a Venezuela, por, neste caso, violação de direitos humanos e perseguição de cristãos. Não. Assinam compromissos globalistas apressados, cedência de soberania, fragilização da infraestrutura soberana, sem debate nacional, aceitam "Plataformas de Conectividade UE-China". Aceitam a espionagem da tecnologia tóxica 5G da Huawei, branqueando um regime opressivo, elitista, poluidor, predador e hostil ao Ocidente.
Porque nunca foi o Ocidente que colocou a China numa posição de polarização ideológica internacional, foi a China que desde o genocídio chinês, a que chamam revolução de Mao, viu sempre o Ocidente como o oposto do seu egocentrismo comunista auto-consolidadamente vencedor. O Ocidente é lixo para a China, embora seja a China comunista, o país mais poluidor do mundo.
E ninguém quer negociar com isso.

deveza.ramos@gmail.com

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