OPINIÃO: Fim do Jogo.


Por,
Augusto Deveza Ramos
Sociólogo



A trajectória de acontecimentos dramáticos e significativos que envolvem a Europa e os EUA, estão em sincronia com o plano da globalização: o fim da hegemonia europeia e norte americana, a favor da criação de novos polos de hegemonia planetária na Ásia: China e Índia, precisamente onde os direitos sociais e humanos resvalam a inoperância. É um plano que não se constrói num dia, levará o seu tempo. Décadas se for preciso.

Segundo, o "Global Strategic Trends" (edição 2018), uma publicação do Ministério da Defesa Inglês, o plano de estabelecimento dos novos polos na Ásia só acontecerá em 2045. Assim, se conhecermos este objectivo, não nos devemos espantar muito com a estagnação generalizada na Europa: trata-se de um plano para gerar o declínio europeu, que avançou à socapa do escrutínio publico e do conhecimento das instituições europeias e norte-americanas. A estagnação faz parte do plano. Não é o abrandamento de uma economia livre, mas de uma economia burocrática. O objectivo é suspender os EUA e a Europa, arautos da legalidade e racionalidade, a favor de uma globalização centralizada na Ásia, que se arroga mais dominante e funcional do que as democracias que estruturam o ocidente e garantem direitos individuais.

1. O declínio da Europa

Não há europeu que não tenha, de uma maneira ou de outra, conhecido o trauma de ataques terroristas islâmicos que atropelaram senhoras e crianças, sem dó nem piedade. Esta agenda terrorista na Europa serviu subtilmente para forçar a agenda "Big Brother", da vigilância massiva à privacidade do cidadão comum, (em nome do 'controle do terrorismo'), tambem serviu para iniciar uma série de acontecimentos que geraram e incredulidade do nosso melhor amigo europeu: o Fim da Europa. Os europeus, intuem que algo se está a passar nos bastidores da política. Há uma década, nenhum parisiense estimaria que a sua Torre Eiffel, estivesse protegida por um muro de vidro à prova de bala e intransponível senão sob autorização da forças policiais (embora este cenário tenha sido profetizado no filme de 2006, "Children of Men"). Nem as elites da União Europeia estimaram que seriam sancionados nas recentes eleições europeias com a massiva censura popular, que se chama 'abstenção'.

2 . O apoio da UE

Mas isto não comove as elites da UE. Porque faz parte de um programa já em acção. Por exemplo, a imigração recente para a União Europeia, nunca teve nenhum contorno humanitário, mas antes, gerar tóxicamente a implosão da Europa - inclusive da UE.  As elites europeias souberam sempre que os conflitos causados (artificialmente) no Medio-Oriente iriam gerar a massiva emigração para a Europa: ambos os acontecimentos fizeram parte do plano globalista. E serviram os propósitos das elites europeias. Porquê? Porque as elites dirigentes da UE são globalistas (anti-nacionalistas), o seu plano globalista gerou a desindustrialização da Europa (como denuncia Marine Le Pen), e o planeamento do novo polo planetário na Ásia: China e Índia - à custa dos europeus e dos norte-americanos. Até porque a massiva e irresolúvel divida europeia, obriga ao fim deste sistema, a favor da criação de um outro qualquer.

As elites europeias não querem saber mais da Europa, nem da UE, mas apenas dos seus investimentos, económicos e políticos agora focados na Ásia, onde podem ressurgir com muito mais poder que as democracias e eleições ocidentais insistem em lhes negar. A perda de influência da UE e do seu parlamento, obedecem precisamente a este plano de lenta implosão da Europa. Por isso, as elites políticas europeias, incluindo as portuguesas, não desesperaram perante a massiva abstenção nas ultimas eleições europeias, porque 'faz parte' do projecto mundialista.

3.  As dissidências

Estes movimentos políticos da elite financeira europeia eram, e são, feitos aos olhos de todos. Apenas contam com os media (subsidiados) para, distraírem a percepção - não fazerem muito alarido até o plano estar consolidado. Contam ainda com o silêncio dos deputados europeus, pagos mensalmente a peso de ouro. Os Ingleses do Brexit, liderados por Nigel Farage, foram os primeiros a demonstrar como o esquema de implosão da UE, não era apenas um esquema financeiro, que gerava mais elite, impostos e empobrecia as soberanias. Era esse mesmo esquema que estava a criar um buraco negro na sua política externa: perda de influência, desindustrialização da Europa, massiva e descontrolada imigração, com terrorismo a feição. E como cereja nesse bolo podre, uma massiva e irresolúvel dívida. Alem disso, a polarização crescente entre países europeus ricos (do norte) e os pobres (do sul), não é apenas uma contingência da intencional desgraça das elites políticas europeias, é ainda, o plano: dividir a Europa em duas e, sem chorar, gerir a 'fatalidade'. Uma Europa dividida é mais controlável e a sua hegemonia mais facilmente transferível para a Ásia.

4. Os ataques aos EUA

Os globalistas estão a criar uma guerra racial. Começou nos EUA, está na África do Sul, está ainda perigosamente na agenda social portuguesa. A agenda racial nos EUA, sendo uma agenda infantil é perigosamente política: é mais um ataque aos direitos gerais da população do que às especificidades raciais naturais. O objectivo é dividir para reinar. Os globalistas usam esse 'esquecimento', accionado pelo entretenimento, onde o objectivo é a anulação de direitos no quotidiano, condicionamento para o tribalismo e perda de confiança na justiça e democracia. A agenda racial é um 'pogrom' que serve para minar os EUA, polarizando o país em ruído, conflito e guerras. É uma forma de guerrilha accionada pelos globalistas.

A recente política de Trump em criar um muro com o México, para controlar a emigração ilegal, faz parte do dique nacionalista americano para neutralizar ataques globalistas, que usam os emigrantes como armas, que vão invadir os EUA para tráfego humano e tóxicos, mas ainda para serem eleitores (nos EUA não há registo ou cartão de eleitor) e dependerem do estado assistencial.


5. As reacções nacionais.

O povo acordou. Lentamente mas acordou. Não foram apenas as condições de vida estagnadas de grande parte dos europeus, e norte-americanos, que os fizeram questionar a realidade política envolvente, mas também acontecimentos fatais, como a emigração descontrolada e oportunista, ataques terroristas e impostos crescentes. Numa Europa que tendeu a trocar, covardemente, a comunidade pelo entretenimento, surgiram novas estrelas que reverteram essa tendência da podre burocracia: desde Nigel Farage ao movimento dos 'coletes-amarelos', passando pela desobediência da Itália de Salvini e do checo Orban, os europeus conhecem novos líderes espontâneos, conhecedores da realidade e do futuro: tudo em nome da protecção das soberanias e não mais do programa de implosão da Europa. Hoje, o Brexit é uma realidade, Boris Johnson promete que a Inglaterra não se afundará com a UE obediente à China.


6. A infiltração chinesa.

A China hoje está a competir com os EUA em volume de negócios com a Europa. E se a China se mantém como o 2º actor nesta relação, a sua importância actual e futura, acelerou preocupantemente: o investimento da China na Europa passou de 1 bilião em 2000, para 35 biliões em 2016. Embora excelente para as sinergias entre estes gigantes, há economistas que alertam que a Europa está a ficar perigosamente dependente do investimento chinês. Além disso, a infiltração chinesa na Europa alcançou, preocupantemente, empresas estratégicas europeias. A China está ainda a fomentar um comércio injusto na Europa, descompetitivo, com produtos muito mais baratos por usarem escravatura operária e não serem taxados à mesma medida dos europeus.
A Huawei, uma das principais empresas chinesas e um gigante mundial da tecnologia, tem também contratos com vários paises europeus para a perigosa tecnologia 5G, inclusive em Portugal e Espanha. Estes contratos significam uma futura centralização de dados e da privacidade europeia, pela advinda tecnologia 5G na China (recentemente a Microsoft denunciou a Huawei, por esta ter colocado espiões-tecnológicos, spyware, em produtos da Microsoft).

Tudo em nome da missão chinesa. Mao Tse Tung, iniciou nos anos 60, uma serie de reuniões anuais entre a elite chinesa, onde estabeleciam planos da expansão do comunismo chinês no planeta - essas reuniões, uma espécie de Bilderberg comunista - mantêm-se ainda hoje. A estratégia da expansão chinesa passa por infiltrar a economia ocidental, não apenas com produtos «made in China» mas tambem com cidadãos chineses provenientes da hiper-população chinesa, que serão colocados como 'observadores' nos paises de acolhimento. Se alguns paises europeus são resistentes à expansão da China, como a França e a Alemanha, há outros que não têm diques sólidos, que lhes permitam resistir às 'prendas' chinesas que os ajudam a resolver orçamentos nacionais e decorar berços políticos. A política chinesa do 'One Belt, One Road' ('Cerco ao Ocidente') tem conseguido infiltrar os países mais cândidos com ilusões de magia financeira, e acordos comprometedores, tudo isto parte do 'sonho' de Mao Tse Tung (responsável pela morte de 62 milhões de chineses, durante a 'Revolução Cultural').

A China esconde nesta retórica económica, um pais desastroso em direitos humanos, justiça, democracia e legalidade. A China sofre ainda com uma massiva 'bolha' financeira, problemas de abastecimento de água e poluição industrial recordista. Esta ambição globalista chinesa é amparada por elites ocidentais, inclusive da UE, multinacionais e empresas de tecnologia, que têm negado a trajectória de injustiça das autoridades vermelhas chinesas: como a prisão sumaria de dissidentes a quem são extraídos e traficados os seus órgãos. Os abusos da China são constantes. Mas não incoerentes com o seu comunismo original. Para as elites, a lenta supressão da legalidade e justiça na Europa não tem valor, se a China lhes vai resolver os orçamentos e até as suas carreiras no globalismo. Mesmo os chineses na Europa não são apenas os pacatos cidadãos que nos sorriem e atendem em lojas mas muito deles, agentes de um dragão que se prepara para conquistar (basta consultar a nacionalidade dos proprietários dos automóveis, topo de gama, que preenchem os parques de estacionamento dos casinos portugueses).

Nos EUA, a China controla aeroportos, o Canal do Panamá e até Hollywood: uma infraestrutura que um dia vai ser gerida com tecnologia 5G, desde Pequim; a China é ainda proprietária da divida americana. Mas vai mais longe, hoje a China detém 97,6% dos recursos minerais no mundo inteiro. Só no Afeganistão é proprietária de 99% dos recursos naturais - minérios fundamentais para a tecnologia e electrónica 5G. A aliança de Clinton-Bush-Obama com a China, teve os seus efeitos: os EUA invadiram o Afeganistão em nome do 'combate ao terrorismo', a um preço de  98 biliões/ano, e a China, sem investir um cêntimo, fica com 99% dos minérios - tais são os jogos dos globalistas.

As preocupações são mais profundas: além da tendência de centralização da «Inteligência Artificial» na China, o principal fabricante de vacinas para o ocidente, no futuro a China poderá não apenas criar epidemias artificiais, como aparecer como a sua solução tecnológica – consolidando o seu poder.


7. Globalismo e comunismo.

A globalização é um sistema económico centralizado num consórcio de empresas priveligiadas e aristocráticas, que visam a sua auto-perpetuação: isenção fiscal generalizada e dominação económica desleal (por exemplo, a Apple). Aqui, o comunismo chinês serve a globalização como uma luva: um sistema sem representação popular, elitista e aristocrático (as suas elites são compostas por ramificações familiares de lideres anteriores; em semelhança aos gestores de multinacionais, uns 50, que saltam de uma para outra sob aparente rivalidade). No entanto, para este sistema global se perpetuar, precisa de um sistema de legitimação, não basta o apoio de traidores ocidentais: o governo mundial seria o ideal, mas é uma solução muito impopular aos olhos da opinião publica e do direito internacional.

Por esta solução mundialista não ser popular, nem no seu conceito, os globalistas estabeleceram uma estratégia: minar lentamente as 'resistências' publicas e democráticas do ocidente, com 'acontecimentos' (artificiais) que façam a população aceitar a necessidade da aberração mundialista; usando os media como montras dessa propaganda. Tais 'acontecimentos' irão desde o terrorismo, passando por pestes e epidemias a catástrofes naturais - tudo o que faça gerar um 'poster' de urgência humanitária que só o 'governo mundial' possa resolver. Mas é tudo encenado, inclusive os futuros acontecimentos (ditos) naturais, que são resultado de geo-engenharia.

8. O contributo do Portugal socialista

O governo socialista português, assinou vários acordos com o polo chinês, pela mão do actual Ministro dos Negócios Estrangeiros. Isso inclui compromissos com a Huawei, uma empresa financiada pelo governo chinês de Xi Djiping, entre outras aparentes clausulas amigáveis, que só sugerem infiltração da China a prazo na economia e cultura portuguesa. Em nome da relação amigável, o governo português sabe que acabou de comprometer o futuro das novas gerações portuguesas ao plano de dominação chinesa a ser cumprido em 2045. Portugal, cada vez mais desarmado, seguiu apenas a tendência de obediência às sugestões gerais da UE. A China está hoje, perigosamente infiltrada em sectores estratégicos da nação portuguesa, desde a banca, à infraestrutura energética, o seu grau de poder em Portugal só dependerá de uma estabilidade económica que o país, e a Europa, estão por plano globalista, a perder. O dragão chinês finge esperar e não está a dormir.

9. Conclusão.

Este é o futuro que os globalistas planeiam: a China e Índia como as futuras super-potências mundiais, em 2045, sob sacrifício dos europeus e norte-americanos. Por isto, não nos espantemos que a Europa esteja a conhecer uma (intencional) estagnação, sem sinais significativos de revitalização. Se nos EUA, Donald John Trump enfrentou o globalismo e recuperou a liderança e prosperidade americana - o que está causar aflições aos globalistas - o mesmo não se passa com a desencantada Europa.

Tanto a China como a Índia, bem como a maior parte dos paises asiáticos não são conhecidos pelas suas 'nobrezas' humanitárias, onde os direitos humanos são secundarizados em favor de uma industrialização acelerada e quase cega. Porque faz parte do plano: hegemonia a qualquer custo. E se recentemente a Índia conseguiu travar a infiltração globalista (expulsando a Monsanto, que causou milhares de mortes e prejuízos na agricultura indiana), virando á 'direita', reforçando os seus diques legais e soberanos, o gigante chinês não mostra apaziguar o seu rancor ao ocidente democrático, mesmo usando uma óbvia estratégia de relações publicas.

Os cristãos estão a ser perseguidos na China, num cenário que antecipa o futuro da eventual dominação chinesa: perseguição aos nacionalistas, cristãos, constitucionalistas, libertários. Essa tendência é ilustrada pela revolta dos manifestantes de Hong-Kong, que contestam transferência de soberania para a China. A comunidade internacional parece não se incomodar muito com a ambição chinesa, que soube, como astuto réptil, infiltrar os continentes onde a sua ideologia autoritária é mais desprezada: Europa e EUA.

O futuro da Europa e de Portugal, dependem da nossa sapiência e resistência. Seremos gradualmente conquistados pela ditadura chinesa se não controlarmos, hoje, as patas do dragão que estão a deixar marcas em toda a economia europeia. E essas marcas tem apenas um objectivo: controle.


deveza.ramos@gmail.com

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