OPINIÂO: O 'Goolag' da CIA

Por,
Augusto Deveza Ramos
Sociólogo

O Google trouxe-nos mais informação em quantidade e rapidez, que alguma vez ousamos poder obter. É verdade. Esse é o lado colorido do logo Google. Mas esse motor de busca é também um 'gulag', onde se discriminam e até se excluem indivíduos, grupos e ideologias sociais. E não é por acaso. Os seus financiadores militares ordenaram ao Google que se tornasse num 'gulag', isto é, numa «Guerra de Informação» em que a CIA e o seu ex-director, John Brennan foram decisivos nesse processo.

1. O que é a CIA?

A CIA (Central Itelligence Agency) deixou, há anos, de ser uma instituição de inteligência que protege os direitos dos norte-americanos, para se tornar numa instituição de poder e até dominação.
Até então a CIA era uma organização de inteligência norte-americana que ancorava as suas operações na inteligência humana e em grupos sociais humanos. A tecnologia veio alterar este paradigma, não a favor dos cidadãos dos EUA, mas de um grupo, uma elite, que se arrogava no direito de neutralizar direitos humanos a favor do controle da informação dos cidadãos e das organizações. Nesse grupo está o ex-director da CIA: John Brennan, nomeado em 2013 director da CIA, por Obama, para construir uma das mais hediondas e criminosas operações governamentais de sempre.
Segundo Steve Piezenick, um ex-operacional desta 'agência', "a CIA é apenas muito boa numa coisa: vender a sua imagem, o resto são interesses políticos". Hoje a CIA está orientada para  o controle da informação cibernética e para a criação de "soldados digitais" (hackers da CIA).

2. A trajectória de Brennan.

John Brennan nasceu em 1955 e foi educado em colégios católicos. Votou no partido comunista de Gus Hall em 1976 e formou-se em ciência política em 1977. Serviu a CIA por 25 anos. Esteve na Arábia Saudita como chefe de analises, tendo-se convertido ao islamismo e fala fluentemente árabe. Acabou nomeado por Obama para director da CIA em Janeiro de 2013 com quem tinha reuniões diariamente.

O New York Times menciona Brennan como o mais influente chefe da CIA nos últimos 20 anos. Enquanto director da CIA, Brennan, dedicou-se a criar um centro de 'controle de ameaças do cyber-terrorismo'. Foi criticado dentro da CIA de ter ultrapassado os seus limites, por abuso de hakers e da cyber informação e abusado dos direitos humanos.

Foi quem autorizou o uso de 'drones' para ataques militares no Paquistão, Iemen, Somália, Líbia e Afeganistão. E foi, por isso, acusado de 76 mortes colaterais com drones incluindo 8 crianças e duas mulheres. Esteve ainda envolvido em outros escândalos como a espionagem a computadores do Senado Americano, quando começou a perder confiança política. Comandou pessoalmente as famosas "kill lists" (listas de "indesejáveis", alvos a abater) da CIA. Trump comparou a direcção de Brennan, na CIA, à Alemanha Nazi.

Brennan é acusado por Steve Piezenick, ex-operativo da CIA, de ter sido o mentor do 11 de Setembro. E de ter, com a Arábia Saudita, Dubai e Israel, criado e financiado a Al-Qaeda e o ISIS.  Nunca foi um operacional do terreno, mas um funcionário de gabinete, que ascendeu por danças de cadeiras.

Em Julho de 2018, o Senador Rand Paul acusou Brennan, então demitido da CIA, de estar a ganhar dinheiro com o seu «Privilegio de Segurança» (um 'passaporte' para acesso a informação de estado) por ter acesso, já como mero cidadão americano, a segredos da CIA e dos EUA. O que levou a que, logo em Agosto, Trump revogasse esse seu Privilegio de Segurança

3. Como o Google é criação da CIA

O Google tem uma imagem publica de empresa 'gira', divertida, amigável, onde o utilizador pode aceder a informação nunca antes facilitada. Só que isso é apenas 'gestão de percepção'. Na verdade, o Google é uma operação militar da rede de inteligência norte-americana, segundo o Dr. Nafeez Ahmed, investigador independente, e autor da tese "How the CIA made Google" (2015) . O Google serviu para o projecto da CIA/ Brennan de centralização de informação e espionagem massiva a todos os cidadãos americanos e, se possível, do planeta.

Esta operação foi gerada em meados dos anos 90; quando a CIA criou uma rede privada,secreta, conhecida como «Highlands Forum», que foi durante 20 anos o espaço privilegiado de "reuniões, debate e comunicação" entre a comunidade inteligente secreta e altos membros do governo americano. Era uma espécie de Bilderberg para militares.

Nestas reuniões participaram representantes de empresas conhecidas do grande publico como a eBay, PayPal, IBM, Google, Microsoft, AT&T, BBC, Disney, General Electric, Enron, numa lista infindável. Participaram ainda membros do congresso dos EUA, e notáveis de campanhas presidenciais dos Republicanos e Democratas. E segundo, o Dr. Nafeez Ahmed, tambem compareceram nestas reuniões gente influente dos media, como o Washington Post, New York Times, Herald Tribune, United Press International, Newsweek, Wired, New Yorker, Daily Beast, BBC, entre outros.

A influência do Highlands Forum era tão poderosa que ideias debatidas numa sessão, passam facilmente de fantasias a factos, em três anos. Foi deste vulcão de ideias que terá nascido o Google. Até porque antes de Sergey Brin and Larry Page, se tornarem notados pela fundação do Google, a Stanford University's Computer Science Department, onde trabalhavam, já mantinha contactos e obtinha financiamento de programas da inteligência militar norte-americana. O Google é o resultado de sinergias secretas entre os militares do Higlands Forum e a vanguarda da tecnologia académica; mas sob a aparência de viver à custa da publicidade.

Esta vocação militar tornou-se evidente quando o Google comprou o satélite de vigilância da CIA (usado no Iraque 2003), «Keyhole», e o transformou no famoso Google Earth;  Rob Painter, ex-ofical de operações militares especiais dos EUA, foi então nomeado em 2005, gestor do Google Earth Enterprise. E em 2007, Painter disse ao Washington Post, que o Pentágono estava a usar uma versão do Google Earth para fins militares no Iraque.  Mais evidente: em 2009, o Google assinou um acordo com a NSA em que se comprometia a fornecer informação de hardware e software dos seus utilizadores e clientes, em nome da ciber-segurança - hoje, o serviço de vigilância e espionagem da NSA aos cidadãos, é feito por empresas contratadas, como o Google.

4. O controle dos cidadãos

Um dos objectivo das operações militares é monitorizar todos os recursos, humanos, físicos, militares, ambientais de uma população alvo. A internet é um recurso critico numa operação militar de analise de populações. E se as redes sociais, motores de pesquisa e até o Google Earth, fornecem ao cidadão comum, informação antes inacessível ou impensável, podem-se imaginar os mesmos recursos aplicados a necessidades militares, que serão, incomparavelmente, muito mais desenvolvidos tecnologicamente.

Neste controle das populações, os actuais alvos das inteligências governamentais não são apenas terroristas, mas potenciais terroristas, terroristas suspeitos, activistas políticos, em suma, toda a população. A aberração vai ao ponto de, hoje, um simples comentário no Facebook ou Twitter ser o suficiente para se incluir numa lista de 'observação de terrorismo', apenas por palpite ou suspeita, e pode terminar numa lista de assassinatos da CIA. O objectivo é mais sinistro do que se pensa. Esta sistema de massiva vigilância, em construcção, por agências militares e empresas contratadas do Pentágono (como o Google e o Facebook), não tem apenas como objectivo o poder, mas algo muito pior: a auto-perpetuação.

5. O Controle dos media

A estratégia de controle de comunicação interna (ou media) é fundamental. Por exemplo, para os EUA invadirem o Iraque e criarem guerra a Sadam Hussein, os media americanos e ocidentais fizeram passar a mensagem uníssona, de Bush, que Hussein teria armas de destruição massiva. A conclusão foi fatal: mais de um milhão de mortes de iraquianos e americanos sob o triste epílogo de Bush Jr.  Quem ganhou? Não os contribuintes americanos, nem as milhares de famílias de vitimas, mas as empresas contratadas pelo Pentágono.

Durante as ultimas presidenciais de 2016, a situação foi mais drástica: Os media (quando o Google já era preponderante), concorriam num delirante uníssono para uma narrativa anti-Trump. Sabe-se como acabou. Os media teimam, ainda hoje, em não perceber como foram enganados pela centralização de informação que lhes fornecia falsas sondagens, falsas noticias, encenação de noticias e outras falsas orientações - enquanto Trump enchia estádios – que iludiam os resultados das eleições.

6. A gestão do terror e a guerra psicológica

Depois dos ataques de Charlie Hebdo em Paris, e em nome do combate ao terrorismo, os governos ocidentais aceitaram legitimar e instalar poderes de vigilância totalitária para o controle da Internet - estes ataques foram planeados precisamente para isso.

Desde então, os EUA e a Europa têm tentado violar a privacidade da Internet tentando remover a encriptação – o mecanismo que protege a sua privacidade. Assim que seja removido o mecanismo das 'palavra-passe', a CIA ou a UE tem acesso aos seus dados privados: contas bancárias e facturação semestral, por exemplo. O objectivo não é combater o terrorismo, mas tornar o cidadão vulnerável perante os governos e o estado – num processo lento, até à escravatura total, diminuindo os direitos individuais inalienáveis.

Durante décadas, a inteligência dos EUA e o Pentágono, criaram o mito da 'guerra ao terror' e, para a resolver, inventaram a «Guerra de Informação». Nesse processo, invadiram constantemente populações islâmicas e estabeleceram vigilância a populações civis. Esta foi uma estratégia secreta do Pentágono criada na administração Clinton, consolidada com Bush e firmemente apoiada por Obama em 2015. Em nome desta guerra de informação e contra-informação, o Pentágono tem estabelecido parâmetros de centralização de informação e controle dos cidadãos. A qualquer custo. Um dos objectivos do controle é fazer os cidadãos aceitar a guerra, sua 'utilidade' e 'fatalidade' ('tem que ser'), enquanto empresas contratadas ganham milhões e biliões pela morte de inocentes sem resistência do publico.

7. A operação na Europa

Em 16 de Novembro de 2015, a Reuters comentava que o director da CIA, John Brennan, suspeitava que os ataques da anterior sexta-feira, 13, em Paris, não seriam isolados e comenta: "estes ataques foram calculada e deliberadamente planeados" quando o jornalista pergunta "oh, como foi possível que isto acontecesse?" Brennan responde que "foi um ataque que demorou tempo a planear"; e destacou o poder cada vez maior dos 'terroristas' em "manipular tecnologia avançada". Nesta conferência de imprensa estava dado o mote para a operação de centralização de informação na Europa, em nome do controle do terrorismo.

Mas não foi pacifico. A comunidade da inteligência internacional, meios jornalísticos e políticos, colocaram muitas perguntas. Primeiro, os ataques deram-se em França, num dos paises da Europa com uma das mais fortes estruturas anti-terroristas. Segundo, se os terroristas tem tecnologia tão avançada é porque alguém 'muito avançado' tambem as fornece (e não é a Rússia concerteza, como alegaria Brennan, é tecnologia ocidental). Terceiro, os alegados terroristas da terrível noite de Paris não foram apanhados, nem detidos; (nos meios da «inteligência» isto significa que se trata de uma 'false flag' operação de mercenários nunca são detidos para interrogação). Quarto, os alegados terroristas, estavam, segundo a policia francesa, sob vigilância há anos. Para terminar, na mesma semana do ataques terroristas,o director da CIA tinha estado em Paris e tinha havido um exercício de prevenção anti-terrorista precisamente no Bataclan, onde se deu a chacina. Estas perguntas correram nos media independentes, mas nunca atingiram o âmago da imprensa comprometida nem do grande publico.

O facto é que por entre as nuvens de informação e propaganda, a UE e a França forçaram limitações aos direitos dos franceses em nome do terrorismo, e a UE propôs-se legislação no mesmo sentido: centralização e controle de informação. Três coelhos numa cajada: reforçaram o controle de informação, limitam as liberdades individuais e a França invade a Síria. A França nunca aceitou fechar fronteiras a terroristas, achou mais barato (sic) fazer guerra à Síria.

10. Entra Trump

Desde que Trump ascendeu a 45º Presidente dos EUA, nunca mais se ouviu falar de terrorismo. Pelo menos, nos moldes a que quase já nos habituávamos (lembro que o mayor do 'califado' de Londres, Sadik Khan, apelava aos europeus para "se habituarem a ataques terroristas"). Trump negociou com a Arábia Saudita e Israel, certamente para que terminassem com a operação do ISIS, no Médio Oriente e na Europa. Também acabou com a invasão à Síria, (hoje um pais em reconstrucção) e onde se se dava a maior parte da infiltração ISIS/Al-Qaeda/DAESH.

A estratégia da «Guerra ao Terror» tinha servido para estabelecer a operação de vigilância de massas do Pentágono. Era para ser uma longa guerra, mas Trump acabou com ela, limitando as infiltrações militares dos EUA no Médio Oriente onde o Pentágono tinha mais interesses. O presidente despediu os mentores desta sinistra operação: John Brennan, ex-director da CIA e James Comey, ex- director do FBI. Até porque a 'cura' do terrorismo significava massivos impostos aos contribuintes americanos.

11. A operação nos EUA

Obama, os Clinton, o FBI e a CIA, eram um clube privado dentro dos EUA. Em 2016, a operação da CIA tinha tentado minar as eleições presidenciais norte-americanas, com avulsa propaganda anti-Trump (que temiam, como temem hoje). Essa propaganda era disseminada nos media de amparo mais directos: Google, Bloomberg, CNN, New York Times e Washington Post, onde tentavam criar narrativas dominantes e excluir aquelas que os ameaçava. Esta imprensa comprometida, fabricavam sondagens falsas, - a favor de Hillary - que depois distribuía (e na pior lata, vendia) a todo o mundo sob a capa da idoneidade e isenção . A operação Google, gerava nos consumidores da Internet a ideia falsa que Trump era um ser exótico a quem não se devia respeitar. O esquema não funcionou, porque Trump ganhou contra a hostilidade programada.

Então, os monstros habituados a um poder sem oposição começaram a vacilar. Hoje, Brennan, Comey, Clintons, Obama e empresas como o Google estão sob a vigilância da justiça americana e da administração Trump.

CONCLUSÂO:

A guerra gera fortunas, não para os pobres soldados ou populações alvo, mas para as empresas contratadas (aqui, pelo Pentágono), que vivem dos conflitos para sua expansão paralelas; vivem ocultas e longe do escrutínio publico.  O Google, e outras empresas cresceram debaixo dessa ramada camuflada. Sob apoio da CIA, tentaram manipular a opinião publica em decisões sensíveis como as eleições presidenciais - talvez o mesmo esteja a acontecer na Europa e em Portugal (na abstenção galopante dos eleitores lusos e europeus)
Os media 'dominantes', que por traição ou desleixo, teimam em não fazerem o seu trabalho, reproduzem a voz do canil 'dominante' do Google: a propaganda imediata, dos motores de busca, que lhes dão-lhes a falsa-festa. Nisto, criaram-se cidadãos infantis, dóceis, confusos e abstencionistas. São estes fenómenos de manipulação da comunicação que geram o colapso de comunidades, sociedades e civilizações.

O Google fez parte dessa estratégia. A guerra não se faz hoje apenas a adversários de outras nações, mas aos próprios cidadãos, como eu e você. E o Google acompanhou essa estratégia, apoiando as ambições do Pentágono e dos seus contratados. A guerra dá dinheiro e não é pouco. O Google busca a sua parte.

deveza.ramos@gmail.com

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