OPINIÃO: Portugal suspenso

Por,
Augusto Deveza Ramos
Sociólogo

Esta nação foi sacrificada a uma ordem internacional globalista falhada e em íngreme decadência. Espera-se que o abismo que se augura não arraste consigo os portugueses, cada vez mais suspensos do seu futuro.

1. As origens da divida portuguesa.

O 25 de Abril não foi apenas uma revolução, mas o resultado de muitos esforços internacionalistas para colocar Portugal no sistema globalista de bancos centrais. Embora Portugal tenha aderido ao FMI (Fundo Monetário Internacional) em 1960, com Marcelo Caetano, os globalistas precisavam de forçar Portugal para o sistema de bancos centrais que se constrói por divida aos paises. Este sistema financeiro internacional, usa organizações e personagens para os seus objectivos: para isso contaram com as fatais traições da esquerda portuguesa internacionalista, Mário Soares, um líder socialista pouco brilhante e Cunhal comunista, usavam os megafones dos media para forçar o pais para a esquerda despesista depois do 25 de Abril de 74. Não sem antes, Costa Gomes e Spínola, treinados nas colónias para a guerrilha psicológica por Oliver North (CIA, de serviço em Angola), minarem a moral das tropas lusitanas durante a guerra colonial, que gerou a crise dos capitães e mais tarde a capitulação da guerra colonial, numa novela de desmoralização que acabou por criar a revolução de 1974. Em essência, o 25 de Abril foi um programa de acontecimentos daquilo que a CIA chama 'regime change' – programa de sabotagens para a mudança de regime de um pais.

Nos período pós-revolução e diante do massivo ruído dos jornais rádios e televisões, a maioria população estava confusa e não fazia perguntas. A propaganda tinha ganho: os bancos centrais celebravam através da esquerda revolucionaria mais uma vitima, Portugal. Mas o povo empobrecia e, sem o estimar, tornava-se escravo de uma dívida que nunca mais se iria dissipar.  Mas a obra não estava terminada. Para se gerar tanta dívida era preciso gerar massivas necessidades, desde greves avulsas, a direitos sociais que só o endividamento possa satisfazer. Por isso, em 1975, foi criada uma Constituição megalómana, deficiente e ideológica, que regula quase tudo e quase todos sob ameaça, porque, como diz no preâmbulo, "Portugal caminha para uma sociedade socialista"  - e endividamento.

2. Acção nacional.

Nos anos 60, Marcelo Caetano tinha reorganizado o estado e desenvolvido a industrialização do país através dos Planos de Fomento I e II,; Marcelo planeava ainda uma descolonização civilizada e tudo se encaminhava para um pais próspero e democrático, mas a rumo atempado. O 25 de Abril, destruiu essa construcção. A democracia desesperada de 74, não apenas destruiu a precoce indústria e capitalismo português, como importou capitalismo estrangeiro, massivo, para financiarem o socialismo nacional que, aliás, não tinha, confessadamente, nenhuma ideia para Portugal.

Além da divida contraída, Portugal perdeu, no período pós revolução parte das suas reservas de ouro, e ainda hoje não se sabe o motivo. Nos anos 80, quando o governo da AD, de Sá Carneiro e Adelino e Amaro da Costa tentou repor-se a normalidade nas contas públicas, controlar militares e fronteiras, esbarraram contra as forças do pântano instaladas no estado português, que forçaram uma solução desesperada: Camarate - um atentado assassino destinado a 'silenciar' Adelino Amaro da Costa, Ministro da Defesa, que sabia nomes de militares portugueses e organizações internacionais, traficantes de armas em Angola, antes e pós 25 de Abril.

Os caminhos sinuosos do início da democracia portuguesa escondiam uma realidade aos contribuintes e eleitores: as contas da democracia nunca batem certo. Portugal, entregue ao globalismo que a esquerda caótica preconizou, decidiu pela dependência financeira, entregando lentamente a soberania de Portugal, não apenas aos bancos centrais, mas também, mais tarde, à CEE que na altura parecia um bom 'negocio' (nunca passou disso). A integração na organização europeia trouxe algum alivio à economia e à generalidade dos portugueses, mas os políticos escondiam o seu ferrão: Portugal iria perder soberania e independência.

Nos anos 90, entre avulso ruído partidário e mediático, os portugueses acabaram, por sanidade, conceder a Cavaco Silva governação que devolvesse Portugal aos portugueses. Este Professor de Economia soube controlar a despesa publica e fomentar um tecido privado sustentado, por redução da megalomania pública a que se chama estado. Portugal prosperou para a generalidade dos portugueses, principalmente para a baixa classe média, e os pequenos e médios empresários. Mas a corte de funcionários públicos instalados na sua inutilidade e privilégios não iriam abdicar das mordomias estabelecidas por suas próprias tábuas de mandamentos. Guterres, seu sucessor, encarregou-se de, entre outras aberrações, repor a corte funcionalista, aumentar o estado, favorecer as grandes empresas e litoralizar o país, gerando o inicio da desertificação do interior, em nome do elitismo segregacionista do socialismo analfabeto.

3. Soluções globais.

As utopias globais precisam de ser financiadas globalmente, principalmente quando se destrói o capitalismo. Quando o FMI chegou pela primeira vez a Portugal em 1977, a pedido de Mário Soares, e voltou em 1983 por iniciativa do Governo do Bloco Central, também liderado por Mário Soares, revelava-se o Portugal incapaz de se sustentar. As reservas deixadas por Marcelo Caetano tinham desaparecido e Portugal vivia em caos e divida de cravo à lapela. Se essa situação poderia chocar os portugueses, não chocava a esquerda internacionalista que apenas se queria projectar no sistema financeiro internacional. O FMI a que Marcelo Caetano aderiu vinha ajudar os seus inimigos anti-capitalistas.

Em constante crise, racionamento de produtos, inflação divertida e o povo confuso, o país estava constantemente perto do descalabro, mas nunca supôs que estava na via do globalismo: permanente crise, incerteza e fatal endividamento. Até porque a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1986, revelava-se como denso negocio de controle à soberania de Portugal: depois da "integração", apenas os primeiros anos foram de algum crescimento do PIB português que chegou a atingir os 7%; mas esse crescimento estagnou nos 3% em 1990, desde quando o país nunca mais ultrapassou esse valor, mantendo a sua soberania e independência em risco.

A divida externa no governo de Marcelo Caetano era, em  Abril de 1974, de 13,4%, e dispara para quase o dobro em apenas dois anos, continua sendo estimulada pelos governos de Mário Soares e nunca deixou de crescer, estagnando apenas nos governos de Cavaco Silva e António Guterres – num valor médio de 55%, -  disparando em flecha com  governo socialista de Sócrates de 67% para os 108%, quando, (sob violenta pressão de Mário Soares), o ex-primeiro ministro foi obrigado a convocar a banca internacional, o FMI. Em 40 anos de "democracia" a divida dos portugueses aumentou 117%.

4. Efeitos nacionais

Portugal mantém a sua terrível perseguição ao capitalismo, mérito e individualismo. Por uma razão: a saga internacionalista, interna e externa, não permite, por infiltração, que os portugueses possam ter esperanças de vida económica mais arrojadas. O povo deve ser formatado aos níveis do totalitarismo progressista, planeado em Bruxelas, porque um povo controlado e doutrinado será mais obediente, e a desobediência custa às elites internacionalistas e europeístas (como tem provado 44 semanas de Coletes Amarelos a Macron, que os media teimam em ostracizar).

Com divida massiva e "compromissos internacionais" como prioridade política nas agendas dos governos, a população portuguesa não tem hoje outro estatuto senão o de "contribuintes" para solucionarem uma divida embevecida. E as trajetórias dos governos socialistas em Portugal, repetem, como doutrina, essa fatalidade:  queda da produção (PIB), aumento da divida, clientelismo politico e desorientação nacional. Nestas épocas, as políticas de educação são sinuosas, trapalhonas e ideológicas - não emancipadoras, que criassem confiança e soluções nas gerações futuras, pelo contrário, obriga pais responsáveis e preocupados, a decidirem pelo ensino privado onde há organização, confiança e tolerância. A ideologização, nestes períodos do ensino publico tem um objectivo: gerar baixa cidadania, obediência, e formatação de escravos de qualidade. Disto resulta o muito baixo convívio e desconfiança dos portugueses na participação publica, senão quando são tributados.

5. O cárcere global.

Em nome da nossa adesão e dos benefícios que possamos obter da UE, Bruxelas intoxicou-nos com massiva regulamentação e proibições. O objectivo não é apenas, gerar mais centralização em Bruxelas, sugar a nossa soberania e identidade, é garantir que os principais paises europeus não percam a sua planeada liderança. Sejamos sérios, Portugal nunca vai estar ao nível dos paises da 1ª Divisão da UE, por acalentado plano – quando Portugal sobe um degrau os 'da frente' já subiram vários.

Por isso, o sistema sistema financeiro português é artificialmente vicioso: a nossa banca é hiper regulada (por imposição da UE) o que causa asfixia à criatividade financeira e à produção de riqueza; impede Portugal de se emancipar da fatalidade dos fundos paternais da UE. A bolsa portuguesa, insignificante, é taxada a 28% e não é recomendada internacionalmente, o que afasta os investidores de Portugal. O capitalismo não é valorizado em Portugal por iniciativa da corte de Bruxelas.

Mesmo quando o FMI emite relatórios acerca de Portugal diz aquilo que todos os portugueses dizem: estado a mais e capitalismo a menos gera divida e estagnação. Porque Portugal aceita lições quando os portugueses dizem o que o FMI diz? Porque aceitar a "directrizes" do FMI significa (nos partidos e nos media) potencial candidatura a posterior carreira na senda globalista que o Fundo representa. Bem fez a Rússia sair do FMI, nunca mais tiveram dívidas nem lições - por isso são odiados.

Nenhum português precisa de muita sapiência para entender que o problema de Portugal é o excesso de estado e debilidade do sistema privado. As contas publicas esbarram na fatalidade da despesa com funcionários públicos a mais, que sugam a energia vital do mercado. Não nos espantemos, socialismo é vampiragem: retirar poder económico à economia privada em nome das 'necessidades' do estado fariseu, comprometido com jogos financeiros internacionais. Com isso esvai-se a classe media, empreendedorismo e a confiança no mérito individual. É onde estamos hoje.

6. Colapso anunciado.

O internacionalismo do FMI tem avisado Portugal para cenários preocupantes: em nome das 'metas económicas', Portugal, diz o Fundo, deve preparar-se para a "próxima crise" - em economia e sociologia sabe-se que as crises não são acontecimentos, mas planos, isto significa que o FMI antecipa uma crise que lhe pertence. Mas o FMI tem razão. Há um cenário que os media tem ocultado à opinião publica: actualmente, a divida internacional é massiva, tóxica e irresolúvel; a divida global é 225% do PIB mundial (mais do dobro do record de Sócrates), que corresponde a um encargo de 85.000 euros, por cada habitante do planeta. Além disso, os bancos centrais, grandes potências e grandes empresas estão fazer uma corrida ao ouro, amealhando, para uma eventualidade futura - não vá este sistema fiduciário implodir a qualquer momento - ; o FMI revelou também, este ano, previsões da diminuição do PIB europeu e mundial (excepto nos EUA de Trump); e na UE fala-se em criar duas novas moedas o Euro do Norte e o Euro do Sul, (dadas as desigualdades crescentes), como é ponto certo que quem for nomeado (nunca, nunca eleito) para o Banco Central Europeu (BCE) decidirá o futuro desta Europa, em decadência - será Cristine "La Gard", a infame não eleita do FMI para o não-eleito BCE.

7. Portugal suspenso

O cenário futuro não é bonito. Portugal tem problemas graves na produção e demografia, que geram mais necessidades de socorro financeiro. Segundo estatísticas da PORDATA (Fundação Francisco Manuel dos Santos) em Portugal há mais óbitos que nascimentos; existem 149 idosos por 100 jovens e é o 26º na fecundidade europeia; mas grave é que 54 % dos agregados 'de uma só pessoa' sejam idosos. Ainda segundo as estatísticas comparativas da PORDATA, Portugal é um desastre na educação: depois de Malta é, em geral, o pais mais iletrado da Europa e o primeiro em empregadores sem o ensino secundário; (mas é o 4º com mais médicos e o 6º com mais policias, o que gera uma das mais altas taxas de ocupação de prisões, 4º lugar, com 114% de ocupação prisional).
As condições de vida dos portugueses parecem ainda teimar em não chegarem à media europeia: os portugueses, dizem as mesmas fontes estatísticas, sendo dos mais consumidores (4ª posição), são dos que menos têm ligações à Internet, não apenas por serem geralmente desqualificados, mas por serem dos que pagam a electricidade, doméstica, mais cara (2ª posição europeia). Segundo este relatório estatístico, os portugueses trabalham muito, 36,5 horas por semana, acima da média europeia de 30 horas, mas é um trabalho estéril e frustrado, porque são da divisão dos que menos produzem e dos mais mal pagos (salário mínimo de 3ª Divisão) o que se traduz em "empregos de aflicção": é o 3º pais europeu em contratos de trabalho temporário e parcial, do que resulta um PIB (Produto interno Bruto) de 3ª Divisão e défice publico alarmante. Em essência, o trabalho em Portugal não funciona, nem comove ninguém.
Porque nem tudo é mau, Portugal é 'razoável' (a meio destas tabelas estatísticas) nos apoios sociais, taxa de actividade acima da media europeia, balança comercial 'despreocupada' e impostos abaixo da media europeia (num estado gastador).

8. Conclusão.

Portugal está melhor do que há 40 anos? Sem dúvida, mas sob amparo da divida internacional, impagável e perigosa. Não por mérito português. Não porque produza ou saiba produzir. Portugal não tem sequer infraestrutura, educação de qualidade, criatividade ou independência. Pior: arrisca-se a não ter quem produza para pagar pensões futuras. Isto é o resultado de décadas de fúria socialista e da tempestade legalista da UE. Não nos deve comover por isso, que o constante aumento da abstenção eleitoral acompanhe, por simpatia, a trajectória ascencional da divida portuguesa: os portugueses podem ser analfabetos, estéreis e pobres, mas sabem quem lhes encomendou o feitiço.

Se Portugal fizer, hoje, uma revisão do tratado de adesão à UE,  investir na infraestrutura, fertilidade, educação e em relações internacionais bilaterais, os portugueses podem começar a respirar ar fresco. E se não é cedo é tempo de começar. Porque o país trocou, nas ultimas quatro décadas, o comboio da prosperidade nacional pela carroça fúnebre da internacional globalista, quando o povo é substituído por atomismo endividado. E o resultado está à vista: a nação não produz, nem lhe é permitido criar riqueza e prosperidade.
O politicamente correcto da esquerda mostrou que não tem soluções para Portugal, porque é o problema, que revelou, até hoje, apenas trevas.

deveza.ramos@gmail.com

Comentários