OPINIÃO: As duas europas


Por,
Augusto Ramos
Sociólogo



1. França: festa do colete amarelo

Os últimos desenvolvimentos em França são de alarmar. As revoltas não pararam, e os 'gilets-jaunes' mantém-se no terreno para serem ouvidos. Macron parece ceder, mas está demasiado comprometido com os globalistas. Entretanto, o pior aconteceu: a França foi invadida pelo 'exército da UE (União Europeia)' - Macron já o tinha planeado, quando defendeu há poucas semanas um exército europeu - o que indignou os franceses e a comunidade internacional. Além disso, sabe-se que a policia francesa mantém os manifestantes cercados e impede-os de sair, provavelmente para encenarem uma tragédia com dividendos politicos, chamada 'false flag'.
Macron declarou estado de «emergência social e económica» e afirmou que vai aumentar o salário mínimo e proteger os beneficiários de pensões mais baixas. Mas isso não comoveu a França. Porque o ataque destes impostos de Macron, é á classe media e ao baixo empresariado, a vasta maioria dos franceses contribuintes. Pelo que será dificil que o descontentamento seja removido em breve. Para mais, três semanas de manifestações agitadas nas ruas, é algo que concerteza começou a preocupar Macron. Porque o que começou não foi apenas a manifestação pública do descontentamento do empresariado baixo e médio, mas principalmente, o fim dramático da globalização e dos seus actores, onde se incluem Macron, os federalistas e a maioria dos media que não soubeream dar voz, nem ilustrar o descontentamento dos manifestantes de coletes amarelos. Se ao princípio se temia uma França dividida no futuro, hoje o que se teme é a impunidade de Macron e seus seguidores - porque a sua popularidade roça apenas os 20%.
Entretanto, o descontentamento francês exportou-se e atingiu outros paises da UE, onde há acendalhas de descontentamento semelhante, como na Bélgica e Holanda.

2. May be... !

Em Inglaterra Theresa May força a aceitação das negociações do Brexit. Theresa May tem um acordo fraco, comprometido e alguns niveis pior do que antes com a UE, como a data de saída da UE, nunca especificada. Não só May, como os lobies pró-UE, estão a forçar com que o parlamento inglês aceite as negociações; mas o debate parlamentar provou que o governo de May vai ver as negociações recusadas. Por isso, o governo de May passou á estratégia de chantagem ao parlamento e ameaça com uma figura de retórica jurídica, a da "suspensão ('delay') da necessidade do voto" parlamentar nesta matéria. A UE disse, em mais cúmplice ameaça, que não vai haver "nenhuma outra fase de negociações para o Brexit" e que estes são os trâmites finais de qualquer acordo.
Entretanto, o UKIP (direita inglesa) organizou, neste fim-de-semana, uma manifestação pró-Brexit com a presença de milhares de pessoas nas ruas de Londres. E alguma esquerda parece unir-se ao senso comum do Brexit, porque está a recusar May e as negociações com a UE, por ser um ataque ao referendo e à vontade popular.
Theresa May, o seu governo e a UE estão cada vez mais isolados e sem argumentos, e tal como Macron, recorrem a medidas avessas.


3. A Europa acordada.

Enquanto metade da europa está adormecida, outra metade está acordada. A ONU está atentar forçar as soberanias mundiais a aceitar um documento com o nome de «Pacto da Emigração», em que obriga os paises a abdicar da sua politica externa própria para a emigração e aceitar trocar essa eventual politica, por um dejecto. Não está a conseguir. Se alguns paises adormeceram os seus eleitores (com o apoio dos media-mafia) para esta tragédia, como Portugal, outros estão acordados e de bandeira em haste; tais como a Croácia, Hungria, Bélgica, Polónia, Italia, Holanda e a Repúblia Checa (fora da europa estão Israel e os EUA de Trump).
A ONU quer, com esta armadilha, não apenas suspender o controle de emigração feito pelas políticas eleitas dos países soberanos, mas também com o «Pacto», criar a "impossibilidade de reversão do tratado no futuro" (um exótico e atroz condicionalismo!). Além disso, o grotesco Pacto para a Emigração, prevê perseguição aos oponentes à emigração - mas não a perseguição ou filtragem de criminosos disfarçados de emigrantes. A tragédia vai mais longe e parece não ter limites: a ONU de Guterres, quer que os países, não só aceitem doar a sua segurança social a emigrantes descontrolados ou criminosos, como aceitar "não controlar a saida de capitais avultados" por parte destes emigrantes para os seus paises de origem - em qualquer parte do planeta, isto chama-se pilhagem, mas Guterres chama-lhe humanismo "sans frontiéres".
Com a proposta de tornar a emigração um direito humano, a ONU têm, com tal dejecto, três objectivos implícitos:
1. destruir as classes medias ocidentais com mais impostos;
2. decepcionar as democracias, os eleitores e as estabilidades nacionais a medio prazo;
3. destruir, a medio prazo, as soberanias em nome de um dejecto governo de salvação centralista, "mondiale", a ONU.

Conclusão:

Há duas europas neste momento: a preponderante e a oportunista. A primeira, é a dos paises que decidiram tomar o seu destino nas suas mãos; a segunda, a dos dominados pela ilusão da UE moribunda. A primeira, percebeu que a UE é falsa, confusa e deceptiva, a segunda ainda espera o seu Godot, que não vem ("mas disse que vinha!"). A primeira, percebeu que é arriscado seguir o seu destino e está viva. A segunda decidiu calcular mais subsidios e está adormecida. A primeira, sabe que o globalismo acabou, a segunda nem sabe o que é isso. A primeira, colocou-se em primeiro, é alfa, acima de qualquer UE ou ONU, a segunda, será sempre a segunda, onde se inclui a beta-experiência social chamada Portugal, campeão da iliteracia com quase 1000 anos de história.

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